quarta-feira, 1 de julho de 2009

Editorial 01.07.009

Editorial 01.07.009
A ética nem sempre tem prevalecido nas atividades públicas e causam mais e mais desgaste de confiabilidade por parte da sociedade, nas instâncias públicas. Os escândalos na Câmara federal e no Senado se tornaram tão sem punição que o público já se sente enojado, ainda mais quando altas autoridades defendem uma figura como o atual presidente do senado, José Sarney.
Mas, aqui mesmo em Santarém estão se repetindo casos que causam barulho no primeiro momento e depois não se sabe do final, caem no esquecimento. Eis alguns desses casos ilustrativos. O processo contra o porto ilegal da multinacional Cargill silenciou. O tribunal federal de Brasília condenou a empresa, obrigou-a a realizar um EIA RIMA, mesmo já com o fato consumado, que foi feito no ano passado. Estranhamente a Secretaria estadual de meio ambiente, a SEMA, que deveria chamar audiências públicas em Santarém e Belém, para julgar o Rima em 180 dias, até hoje não realizou as audiências. Chega-se a suspeitar que a SEMA está evitando convocar as audiências por ser cúmplice da ilegalidade da instalação do porto sem o Eia Rima.
Outro caso sem conclusão é sobre a denúncia feita sobre supostos desvios éticos no hospital municipal de Santarém. As acusações eram graves, além de questões de altos salários para médicos de uma cooperativa contratada. Houve uma reunião entre as partes envolvidas, foram dadas algumas explicações e pronto, encerrou-se o caso. Foi mesmo tudo esclarecido? Quem garante?
Mais um caso ilustrativo da crise ética nas instâncias públicas, esta mais recente. O caso da criança que sofreu um acidente lá numa comunidade rural. A médica que o atendeu na emergência do hospital municipal em Santarém, logo suspeitou de violência sexual e logo chamou alguém do Conselho tutelar, que logo chamou um delegado, que logo prendeu o pai da criança, que trouxera seu filho nos braços em longa viagem de barco desde a comunidade até o hospital. E mais, delegado o prendeu em flagrante, sem nenhuma prova de ser o pai criminoso, a não ser a suspeita da médica.
Depois disso, chamaram o IML para fazer o exame devido e emitir um laudo, que até hoje não foi publicado. A esposa garante que seu marido é inocente, pois estava fazendo farinha junto com ela na hora do acidente da criança. Membros da comunidade trouxeram um abaixo assinado com mais de 100 assinaturas de comunitários inocentando o pai que está no presídio do Cucurunã. E agora?
Até quando o homem ficará no presídio? E onde está o laudo do IML? O que vale mais, o testemunho da esposa e comunitários, ou as suspeitas de uma médica e do Conselho tutelar? Quem é a médica que tomou tal decisão precipitada? E se for comprovado que o pai da criança é inocente, quem pagará os prejuízos financeiros e morais? O delegado? O conselheiro tutelar? A médica? Ou tudo cairá no esquecimento como tantos outros casos, quando figuras do poder público estão envolvidas? Onde fica a ética no serviço público?

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