sexta-feira, 17 de julho de 2009

EDITORIAL 17 DE JUL 09

A Eletronorte mostrou um documentário sobre o plano de construção de 5 hidroelétricas na bacia do rio Tapajós. A amostragem de uns 10 minutos foi feita na Câmara de vereadores de Itaituba. Quem viu aquilo e só aquilo deve ter saído maravilhado com o plano.

A hidroelétrica de São Luiz do Tapajós, segundo a Eletronorte, será construída, quase como a bíblia descreve a criação do mundo por Deus. Assim: sem destruição, sem impactos negativos, até escadinha para os peixes subirem e descerem o rio haverá. Imagine que ela diz que os trabalhadores não residirão na área de trabalho, mas cada dia serão transportados de helicóptero e barco para a cidade de Itaituba. Quem já viu como se faz uma barragem (aquela será para gerar ao menos 8.000 megawattz de energia, um paredão de 36 metros) pode imaginar que ao menos 10.000 e até 20.000 trabalhadores estarão envolvidos na obra, então...todo dia essa tropa será levada e trazida a Itaituba...

Hoje o governo federal já iniciou a construção da hidroelétrica de Jirau, lá em Rondônia. Aquela é um espelho para o povo de Santarém, Aveiro, Itaituba e da região da bacia to tapajós olhar e saber a história real do que será para a natureza e os povos que vivem na área da construção. Lá em Rondônia, mal começou o serviço, já 120 famílias foram expulsas de seus lotes. Apenas R$: 1.500,00 foi a indenização para cada um. Quem quis “ganhou”uma casinha na periferia de Porto Velho, mas não pode mais utilizar sua canoa, sua casa de farinha e nem colhrer alguma fruta do quintal.

Explicação da empreiteira para a miséria da indenização foi que eles não tinham documento de propriedade. O governo terceirizou a construção, assim não comete injustiça social, mas a empreiteira. E a posse de 40, 60, 80 e mais anos de uso pacífico daquela terra? E o uso capião, não vale? Por que não vale? E este é só um dos impactos iniciais. Nas usinas do Tapajós haverá inundações de mais de 2.000 quilômetros quadrados, alagando florestas, expulsando milhares de famílias, que vivem da pesca, da roça e dos frutos da floresta.

Alguém pergunta – mas para quem servirá a eletricidade de 5 grandes hidroelétricas, quando o Pará já tem Tucuruí? O linhão já chegou em Itaituba, Santarém e só não chegou nas comunidades ribeirinhas por falta de vontade política. A construção de da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia começa destruindo natureza e expulsando famílias. Será diferente a hidroelétrica de São Luiz do Tapajós, de jatobá e do Jamanxim? Por que enganar os povos do Tapajós? Quem pode impedir tais desastres? Só povos esclarecidos, unidos e organizados de Santarém, Aveiro, Itaituba e outros. Mas, estão atentos para isso? O que acontecerá no Alto Tapajós atingirá o povo de Santarém? E por fim, eticamente justifica sacrificar povos e comunidades inteiras em nome do progresso? Quem viver verá!

pe. Eilberto Sena

quinta-feira, 2 de julho de 2009

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Organizações populares processam governo contra hidrelétricas do rio Madeira

Editorial 01.07.009

Editorial 01.07.009
A ética nem sempre tem prevalecido nas atividades públicas e causam mais e mais desgaste de confiabilidade por parte da sociedade, nas instâncias públicas. Os escândalos na Câmara federal e no Senado se tornaram tão sem punição que o público já se sente enojado, ainda mais quando altas autoridades defendem uma figura como o atual presidente do senado, José Sarney.
Mas, aqui mesmo em Santarém estão se repetindo casos que causam barulho no primeiro momento e depois não se sabe do final, caem no esquecimento. Eis alguns desses casos ilustrativos. O processo contra o porto ilegal da multinacional Cargill silenciou. O tribunal federal de Brasília condenou a empresa, obrigou-a a realizar um EIA RIMA, mesmo já com o fato consumado, que foi feito no ano passado. Estranhamente a Secretaria estadual de meio ambiente, a SEMA, que deveria chamar audiências públicas em Santarém e Belém, para julgar o Rima em 180 dias, até hoje não realizou as audiências. Chega-se a suspeitar que a SEMA está evitando convocar as audiências por ser cúmplice da ilegalidade da instalação do porto sem o Eia Rima.
Outro caso sem conclusão é sobre a denúncia feita sobre supostos desvios éticos no hospital municipal de Santarém. As acusações eram graves, além de questões de altos salários para médicos de uma cooperativa contratada. Houve uma reunião entre as partes envolvidas, foram dadas algumas explicações e pronto, encerrou-se o caso. Foi mesmo tudo esclarecido? Quem garante?
Mais um caso ilustrativo da crise ética nas instâncias públicas, esta mais recente. O caso da criança que sofreu um acidente lá numa comunidade rural. A médica que o atendeu na emergência do hospital municipal em Santarém, logo suspeitou de violência sexual e logo chamou alguém do Conselho tutelar, que logo chamou um delegado, que logo prendeu o pai da criança, que trouxera seu filho nos braços em longa viagem de barco desde a comunidade até o hospital. E mais, delegado o prendeu em flagrante, sem nenhuma prova de ser o pai criminoso, a não ser a suspeita da médica.
Depois disso, chamaram o IML para fazer o exame devido e emitir um laudo, que até hoje não foi publicado. A esposa garante que seu marido é inocente, pois estava fazendo farinha junto com ela na hora do acidente da criança. Membros da comunidade trouxeram um abaixo assinado com mais de 100 assinaturas de comunitários inocentando o pai que está no presídio do Cucurunã. E agora?
Até quando o homem ficará no presídio? E onde está o laudo do IML? O que vale mais, o testemunho da esposa e comunitários, ou as suspeitas de uma médica e do Conselho tutelar? Quem é a médica que tomou tal decisão precipitada? E se for comprovado que o pai da criança é inocente, quem pagará os prejuízos financeiros e morais? O delegado? O conselheiro tutelar? A médica? Ou tudo cairá no esquecimento como tantos outros casos, quando figuras do poder público estão envolvidas? Onde fica a ética no serviço público?